As peças que formam a embraiagem devem cumprir um conjunto de requisitos que garantam o conforto e a eficácia da aplicação de mudanças em todas as condições, incluindo as mais exigentes, como as acelerações rápidas quando se está parado ou a aplicação súbita de mudanças. A embraiagem hidráulica contribuiu em grande medida para oferecer este rendimento nas caixas de velocidades manuais. De todos os componentes que formam a embraiagem hidráulica, neste post vamos centrar-nos nas peças que o diferenciam de uma embraiagem mecânica convencional: as que formam o sistema de acionamento da embraiagem.
Se estiver interessado neste tema, não deixe de ler outros posts como o que se dedica a descobrir a embraiagem bimassa em 5 perguntas ou às bases do disco de embraiagem.
E antes de continuar, não se esqueça de subscrever ao REPXPERT, o Blog da Oficina Mecânica, para não perder nenhuma das nossas publicações e ter acesso a conteúdos exclusivos. Vamos lá ver o post.

O segredo, o sistema de acionamento da embraiagem
O elemento diferenciador da embraiagem hidráulica é o sistema de acionamento da embraiagem, isto é, a ligação entre o pedal e a embraiagem, um aspeto que se torna fundamental para a experiência de condução. Para que a potência do motor possa ser controlada com segurança ou interrompida quando for necessário, o acionamento da embraiagem tem de ser fácil. No entanto, as embraiagens mecânicas, comuns até à década de 1980, não proporcionavam a suavidade e precisão de acionamento que os condutores começavam a exigir. Neste tipo de embraiagem, a pressão aplicada ao pedal da embraiagem pelo condutor era transmitida através de um cabo para um mecanismo de alavanca que se encontra no interior da caixa da embraiagem. Este, por sua vez, era acionado através da alavanca e de um rolamento de embraiagem. As suas limitações em termos de conforto fizeram com que este sistema esteja praticamente obsoleto. Outra limitação significativa das embraiagens mecânicas foi a redução do espaço disponível no compartimento do motor, resultante das mudanças introduzidas nos desenhos para melhorar a segurança ativa, entre outros motivos. Nos veículos atuais, o cabo já não pode passar em linha reta entre o pedal da embraiagem e a alavanca, algo necessário para oferecer comodidade aquando da aplicação das mudanças e manter o mínimo desgaste e fricção.

A resposta, o sistema de embraiagem hidráulica
A resposta às necessidades da indústria e dos condutores para obter uma embraiagem adaptada aos novos veículos e aos novos padrões de condução foi a embraiagem hidráulica, que substitui e melhora o rendimento do acionamento mecânico. Entre as suas vantagens, devemos destacar que tem um número inferior de peças, o que simplifica a sua montagem. Além disso, permite uma maior flexibilidade estrutural, ao proporcionar uma maior liberdade de desenho do veículo e, finalmente, proporciona um elevado conforto de acionamento durante a condução. Não se esqueça que há dois sistemas diferentes, o semi-hidráulico e o totalmente hidráulico, embora o cabo mecânico tenha sido substituído em ambos por um sistema hidráulico. Neste post explicamos-lhe de forma pormenorizada as diferenças entre os diferentes tipos de embraiagem.
Componentes do sistema de embraiagem hidráulica
Estes são os principais componentes do sistema de embraiagem hidráulica, o sistema que marca a diferença. Na imagem superior, pode ver a sua localização dentro da embraiagem completa.
– Cilindro escravo (semi-hidráulico)/cilindro escravo concêntrico CSC (hidráulico): é o responsável pelo acionamento da embraiagem, estando diretamente posicionado junto á caixa de velocidades, no veio primário da mesma. Saiba mais aqui sobre o cilindro escravo.
– Cilindro principal: é o responsável por gerar a pressão necessária no sistema hidráulico. A haste do êmbolo do cilindro principal está diretamente unida ao pedal da embraiagem do veículo. Saiba mais aqui sobre o cilindro principal.
– Linhas de pressão hidráulicas: nos sistemas semi-hidráulicos e totalmente hidráulicos, o tubo da embraiagem é o responsável por transmitir a pressão que o condutor exerce sobre o pedal para a bomba secundária da embraiagem ou para o sistema de acionamento da embraiagem.
– Amortecedor de vibrações: este componente, incluído na linha de pressão hidráulica, amortece as vibrações de baixa frequência e evita que sejam transmitidas para o pedal da embraiagem.
– Limitador de binário máximo: reduz o caudal no sistema hidráulico durante uma condução bastante desportiva com movimentos rápidos da embraiagem.